quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O primeiro terço - Neal Cassady

Texto autobiográfico onde Neal Cassady narra as suas aventuras no primeiro terço de sua vida, do nascimento até a adolescência. Livro cultuado pela Geração Beat (década de 30 e 40), os Beat ou beatniks eram andarilhos que percorriam a América profunda, eram pessoas que se achavam nos extratos mais baixos da sociedade.



Locomoviam-se de carona em carros ou trens e percorriam centenas de milhas, praticando pequenos furtos, revirando o lixo ou consumindo drogas e o álcool (que era proibido) e sendo presos, verdadeiros delinquentes

Ser beat era ser o lixo dentro do lixo, sem grana, sem casa tendo como objetivo apenas algum trocado para beber a próxima dose ou cair fora para um destino qualquer, uma busca frenética de um sentido maior, algo que os retirasse do marasmo.

O primeiro Terço de Cassady foi determinante para influenciar Jack Kerouac a escrever On The Road, sua obra que foi transformada em filme.



A atmosfera do livro de Cassady remete ao universo no qual ele cresceu, no prólogo ele descreve seus ancestrais e o ambiente familiar no qual seu pai viveu, preferindo a fuga para o oeste.

Referindo se ao seu pai sempre de forma amorosa, Neal filho descreve a passividade de um alcoólatra viciado que ao seu modo cria o filho neste ambiente nada amigável. 



Amante da velocidade dos carros ou dependurado nos muros e telhados de prédios abandonados, ou descobrindo o sexo,  o garoto encontra neste universo marginal formas de se divertir e descobrir o mundo. Neal Cassady foi encontrado morto no deserto do México em 1968, provavelmente em busca de algo que fizesse sentido pra ele.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Entre garrafas e livros





Entre garrafas e livros

É pau é pedra é o fim do caminho... Para Paulo Leminski o fim pode ser o começo, o que não falta é paulada nem pedrada no caminho da sua poesia louca e erudita, tudo misturado ao mesmo tempo.

Louco, pois ele é um símbolo da contracultura de uma geração inteira, erudito porque ele bebeu na fonte dos originais, poliglota que era dispensou papos médios, preferindo o combate de alto nível como bom samurai que era.

Nesta biografia não faltam detalhes sobre a vida e a obra do poeta, sua falta de asseio, era avesso aos banhos e desleixado com os dentes, porém sua mente era inquietante na busca pelo conhecimento e novas experimentações nos mais variados suportes

Entre garrafas e bitucas, sua curiosidade era extensa, poeta, músico e compositor, jornalista e publicitário, tradutor e poliglota, crítico literário, professor e faixa preta de judô, para ele a poesia estava em tudo, poeta não se constrói, um poeta apenas nasce.


“A poesia está na literatura. A poesia está na letra de música popular. A poesia está no cartum e em experimentos gráfico-plásticos. A poesia está neste três lugares. Existe  tanta poesia em Drummond quanto em Caetano, Millôr Fernandes e John Lennon.”
Morto aos 44 anos de cirrose hepática Paulo Leminski deixou uma obra rica e complexa, amou plenamente tudo que se envolveu, articulou nas várias esferas do mundano e do saber.

VAZ, Toninho. Paulo Leminsk: O bandido que sabia latim. Rio de Janeiro, 2001.